PUBLICAÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO


O Contexto Empresarial Brasileiro

A busca por um diferencial competitivo em meio à imprevisibilidade, incerteza e complexidade do atual ambiente de negócios, seja no aspecto econômico, seja no aspecto humano, seja no aspecto tecnológico, tem sido um desafio constante para as organizações que entraram neste século inseridas em um contexto com mudanças cada vez mais velozes.

Um contexto de negócios influenciado por privatizações, globalização, concorrência cada vez mais acirrada, nivelamento tecnológico, recursos humanos desgastados física e emocionalmente, aumento da exigência dos consumidores e outros novos padrões têm afetado diretamente a condição de estabilidade mercadológica e da forma de gerir destas organizações. Assim, caso não estejam preparadas para sobreviver a tais transformações, estas organizações podem não conseguir mais manter suas operações viáveis.

Talvez esta falta de adaptabilidade às transformações esteja diretamente ligada ao fato de as organizações terem passado a maior parte de sua história, no século passado, produzindo dentro de padrões ajustados a um mundo de mudanças mais lentas e, portanto, mais previsíveis.

Só que, tal postura pode demonstrar que estas organizações ainda não despertaram para este novo contexto mundial, com suas crescentes relações paradoxais entre novos e velhos paradigmas, tanto nas organizações, nos aspectos sociais, quanto nos aspectos psicológicos, comportamentais e cognitivos das pessoas. Um mundo que está pautado no conhecimento.

Sendo assim, pode-se começar a entender as organizações atuais como organizações tentando se estruturar novamente, baseada em uma escolha entre: (a) o novo paradigma – a economia do conhecimento, do capital intelectual, dos ativos intangíveis – e; (b) o velho paradigma – a economia de escala, do corte de custos, da estrutura hierarquizada e dos ativos tangíveis.

Corroborando com esta linha de entendimento do ambiente atual de negócio, muitos estudiosos têm se traduzido em importantes autores no campo de estudos da gestão do conhecimento, procurando alertar, em seus estudos, para os cuidados que as organizações devem ter a fim de sobreviverem e permanecerem competitivas neste mercado.

O conhecimento é então um diferencial competitivo sustentável para a gestão dos negócios. Cabe ressaltar, porém, que este conhecimento está nas pessoas. O seu conhecimento traduzido em visão e ação passa a ter um poder relevante para a sobrevivência perene destas organizações, na medida em que pode gerar um valor agregado ao seu negócio pela capacidade de inovação traduzida em seus produtos e serviços e adaptabilidade ao cenário de negócios vigente. São os ativos intangíveis, onde fica baseada a riqueza do conhecimento. Os ativos intangíveis são aspectos diferentes de uma empresa e que as suas concorrentes têm dificuldade de copiar, tais como: pessoas, idéias, conhecimento organizacional, relacionamentos, sistemas e processo de trabalho, por exemplo.

Ainda que este artigo não trace uma discussão teórica, deve-se argumentar que existem autores que contrapõem estas visões descritas anteriormente pelos autores do campo de estudo da gestão do conhecimento. Tais autores argumentam que a gestão do conhecimento é apenas um estudo acadêmico sem funções práticas. Desta crítica surge um outro pressuposto que é a tradução deste conhecimento em ações práticas. Do contrário esta discussão seria estéril do ponto de vista de aplicabilidade dos modelos teóricos advindo dos estudos da gestão do conhecimento. Porém pode-se dizer que este conhecimento só pode ser traduzido em ação como resposta a um determinado problema que apareça e tenha que ser solucionado pela competência do funcionário. Esta competência não pode ficar atrelada a requisitos estáticos e atemporais em resposta à necessidade de preenchimento que as organizações têm de um determinado cargo. O que importa é o conhecimento que este funcionário já tem desenvolvido em si, ou o quê ainda tenha a aprender, e que possa ser utilizado nas suas tarefas diárias.

Não se pode entender gestão do conhecimento sem levar em conta o contexto, notadamente em seus aspectos comportamentais, que se traduz na capacidade organizacional de, através das suas chefias, criarem uma cultura organizacional que favoreça o comprometimento de seus funcionários com a utilização de sua capacidade de adaptabilidade e inovação em proveito desta organização.

O conhecimento organizacional é, portanto, difícil de ser gerido, mas é relevante para que estas organizações permaneçam competitivas no mercado em constante e veloz transformação.

Não se deve esquecer que as organizações brasileiras estão inseridas neste ambiente de negócios – incerteza, complexidade, aumento da concorrência e necessidade de inovação e adaptabilidade constantes – e necessitam, portanto, de um modelo de gestão compatível com este contexto e que também promova internamente, através de seus colaboradores a criação de conhecimento, o desenvolvimento de competências duráveis, a fim de traduzi-las em inovação, capacidade de adaptação, aumento da eficiência organizacional e poder de competição no seu próprio mercado.

Professor Carlos Alexandre Duarte Corrêa, M. Sc.

Professor e Coordenador do Curso de Administração da UNISUAM, administrador com especialização em gestão de negócios e tecnologia e mestrado em administração e desenvolvimento empresarial.

Este artigo teve seu resumo publicado no Jornal Fonte da UNISUAM

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