Resultados condensados do seminário de pesquisa

O curso de ADM UNISUAM tem buscado, através da disciplina seminário de pesquisa, conhecer melhor a realidade da região da Leopoldina e principalmente do complexo do alemão – sua principal comunidade circunvizinha.

Alguns temas de pesquisa da ciência da administração, tais como: planejamento estratégico, tecnologias, capacidade de inovação, empreendedorismo social, comunicação organizacional, aperfeiçoamento profissional, dentre outros, tem sido temas recorrentes nas pesquisas realizadas pelos alunos naquelas comunidades empresariais.

Desta forma, alguns indícios já registrados por vários grupos da graduação, em semestres distintos de trabalho, podem começar a indicar, algumas possibilidades de pesquisa mais aprofundada que neste nível educacional.

Os apontamentos a seguir, são resultado, exclusivamente, de uma análise condensada dos trabalhos realizados pelos alunos do curso de Administração Unisuam, entre os anos 2010-2011, sem qualquer interferência do organizador deste texto. Os resultados completos, podem ser vistos nos artigos gravados na base de dados específica da Unisuam. Alguns destes artigos serão publicados em caderno específico durante o ano de 2012.

De acordo com dados do SEBRAE 2010 e da PODERJ 2010, existem um total de 13.345 empresas nos bairros do Complexo do Alemão, Bonsucesso, Manguinhos, Olaria e Ramos. Deste número, estima-se (Informações socioeconômicas. TEM/RAIS 2008), algo em torno de 1.279 do setor industrial, 3.237 do comércio, 3512 do setor de serviços e 10 do setor agropecuário. Mesmo não se tendo o total, pode-se perceber que destas 7.978 empresas, a maior concentração dessas empresas é constatada no setor de serviços.

Com esses dados levantados, foram realizadas pesquisas por mais de 50 trabalhos da disciplina de seminário de pesquisa do curso de administração, obtendo-se entre 30 e 40 respostas de pequenas e médias empresas distintas (ramos de ferragens, tintas, lojas de departamentos, drogaria, pet shopping, descartáveis, papelaria, decorações, marmoraria, e casa de doces etc).

Pode-se apontar algumas tendências nos resultados destas pesquisas, bem como nas considerações finais, o que pode ser utilizado como dados iniciais para pesquisas em nível de pós-graduação, tanto nas especializações, quanto no mesmtrado em desenvolvimento local. Sem entretanto se esquecer do retorno destes dados às salas da graduação.

Alguns resultados recorrentes nas pesquisas realizadas pelos alunos:

1. Entre 60% e 70% das empresas não utilizam o planejamento estratégico. Os resultados da pesquisa podem indicar que das 13.345 empresas da região analisada, aproximadamente 7.607 empresas, não utilizam o planejamento estratégico uma ferramenta fundamental para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das empresas. Alguns trabalhos dos alunos apontam para uma questão cultural (aqui no sentido de hábito mais conhecimento), por entenderem que planejamento estratégico deve ser feito por empresas de grande porte, sem ao menos entender que planejamento independe de seu tamanho ou de seu segmento, sem a preocupação com o futuro de seu estabelecimento, deixando de utilizar as ferramentas necessárias para seu desenvolvimento e crescimento.


2. Das empresas entre 30% e 40% que dizem possuir planejamento estratégico, 47% não buscam acompanhá-lo constantemente e 64% já fizeram mudanças nele. O planejamento verificado é, normalmente, informal. Não utiliza todas as ferramentas, por tratar de técnicas específicas e difíceis de serem utilizadas por parte do efetivo da empresa. Faltam pessoas qualificadas para fazer tal planejamento. O pouco de planejamento que existe é limitado e não alcança uma visão de futuro. A forma de funcionamento é mais inconsistente, tendo o ambiente competitivo como uma ameaça, frente ao ritmo acelerado de alterações nos processos e das informações nas suas mais diferentes fontes.


3. Cerca de 73% das empresas pesquisadas resistem a mudanças e tem medo de novas ideias.

4. Cerca de 83% buscam identificar as ameaças e as oportunidades do mercado de sua região.

5. Cerca de 70% das empresas não buscam conhecer seus clientes e concorrentes.

6. Cerca de 70% das empresas acham que seus funcionários não estão totalmente capacitados e motivados para desempenhar suas funções e precisam melhorar.

7. Cerca de 43% relataram que a comunicação interna de seus funcionários pode melhorar.

8. Cerca de 27% das empresas não acham importante ter um feedback de seus clientes.

9. Cerca de 70% das empresas pesquisadas não atualizam seus meios de comunicação de acordo com o avanço da tecnologia.

10. Cerca de 71% das empresas da área de serviços citaram que a qualidade no atendimento é um dos fatores que mais contribui para o sucesso das organizações;

11. Cerca de 55% das empresas responderam que a clareza dos objetivos e inspiração de confiança e dar confiança aos seus clientes são fatores primordiais para o sucesso dessas.

12. Cerca de 66% das empresas conhecem seus pontos fortes e afirmaram que estes, são diferenciais perante seus concorrentes

13. Cerca de 34% desconhecem os fatores determinantes para o sucesso, a partir da percepção de que todas as empresas conhecerem suas fragilidades e nenhuma atua de maneira a corrigi-las.

14. Cerca de 55% das organizações elaboraram uma missão, mas quando perguntadas sobre o conhecimento da real existência da empresa, quase todas não souberam informar e 44% desconhecem as mesmas.

15. Cerca de 73% das empresas descreveram como a melhor identificação com seu futuro pretendido, a expansão da marca.

16. Cerca de 55% responderam não ter conhecimento e comprometimento para o alcance dos objetivos.

17. Dos fatores que prejudicam seus negocio:
17.1. 50% apontam a carga tributaria;
17.2. 13% apontam a infraestrutura local;
17.3. 11% apontam a mão de obra desqualificada;
17.4. 11% apontam a falta de recursos financeiros;
17.5. 9% apontam a violência e,
17.6. 6% apontam outros fatores.

Algumas considerações recorrentes nas pesquisas realizadas pelos alunos

A área da Leopoldina apresenta um cenário onde o comércio de bairro fica bem caracterizado pelos pequenos e médios empresários. A presença de lojas de grandes marcas e grande porte, se colocados em proporção ao grande comércio da região, são poucas e com isso a diferença fica bem evidente não só na capacidade de investimento, quanto na forma como conduzem seu negócio. Em alguns casos, o sucesso ou o fracasso da empresa fica bem claro na falta de um planejamento adequado.

A pesquisa de campo constatou que, 60% das empresas em torno do Complexo do Alemão, têm dificuldades em crescer e se desenvolver, devido a alguns fatores como a falta de planejamento adequado, de conhecimento na área de gestão e de capital para investir.

Os resultados apontam que apesar da maioria dos comércios entrevistados considerarem muito importante seu ambiente mercadológico, ainda é limitado o número de comércio que elabora o planejamento estratégico, ou quando o têm, não é estruturado e contínuo.

Alguns empresários acusam que a grande responsável pelo fechamento das pequenas e médias empresas, seria a situação econômica do País; com os juros altos, com aumento da inadimplência, o governo na intenção de controlar os gastos da população limitando as possibilidades de empréstimos, queda de poder aquisitivo, entre outros.

Os problemas acarretados pela falta do planejamento, que ocorreu na maioria das empresas pesquisadas, não foram suficientes para que as mesmas pudessem ter uma compreensão de suas limitações e concordância sobre certos fatores básicos de implantação de um planejamento estratégico.

A maioria das empresas não planeja um caminho a percorrer para o crescimento e o desenvolvimento. Apenas sobrevivem no mercado e não tem uma visão ampla do negócio, porém, estas empresas poderiam utilizar o planejamento estratégico para seu crescimento e desenvolvimento.

Pode-se observar também nas entrevistas que, a qualidade dos produtos e serviços, foi citada por diversas vezes como diferencial das organizações, mesmo esta não representando hoje mais um diferencial, mas uma obrigação mínima.

A falta de capacitação profissional dos gestores e colaboradores das organizações, à falta de metas e estratégicas futuras, associado fato de seus valores e missão não estarem bem definidos, tem levado essas empresas (entre 60-70%) do entorno do complexo do alemão ao insucesso.

Por fim, a maior parte das empresas pesquisadas não conhece o processo de elaboração de planejamento estratégico, gerenciando sua empresa apenas com seu feeling e aguardando que as coisas aconteçam, com isso acabam não obtendo qualquer tipo de crescimento e desenvolvimento.

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